Estudo mostra a contaminação do solo de Nova Candelária

  • Assessoria de Imprensa - P. M. Nova Candelária

    Assunto: Agricultura  |   Publicado em: 14/12/2016 às 15:47   |   Imprimir

Com o objetivo de diagnosticar possíveis contaminantes no solo e tendo em vista a grande quantidade de produtores que trabalham com terminação de suínos no município de Nova Candelária, a Prefeitura Municipal solicitou à Sociedade Educacional Três de Maio - SETREM uma análise de contaminação dos solos.

 

 

Cientes da grande quantidade de dejetos de suínos presentes no solo - por ser a suinocultura a principal atividade econômica do município - a coordenação de extensão e grupo de pesquisa e extensão rural da SETREM desenvolveu uma pesquisa de biomonitoramento de contaminantes ambientais utilizando o sistema Allium cepa (cebola). Esse estudo sobre os agentes contaminantes foi realizado por meio de um método mundialmente reconhecido para análises de contaminação.

 

 

Em entrevista com as Professoras da SETREM, Dra. Cléia Moraes e Dra. Nair Dahmer, por meio deste teste podemos verificar o conteúdo de material genético da cebola colocado em contato com o material, no caso, o solo do município. As professoras explicam o processo: “foram feitas análises microscópicas e quantificados os dados quanto a presença de anomalias genéticas. Foram coletadas 38 amostras de solos em diferentes locais do município, mais duas amostras, uma com água destilada e uma com herbicida glifosato que foram os chamados controles da pesquisa, o que totalizou 40 amostras. De cada amostra foram feitas 5 repetições, totalizando 200 análises.

 

 

As coletas abrangeram áreas com o cultivo de grãos, pastagens e hortaliças, sendo que nas áreas de grãos foram coletados solos em locais onde havia aplicação de dejetos suínos e agrotóxicos. Nas áreas de pastagens foi coletada amostra em locais com aplicação de dejetos e agrotóxicos; locais com somente dejetos e também nas áreas de hortaliças com aplicação de dejetos e sem agrotóxicos.”

 

 

Após a coleta, o solo foi preparado com água destilada e passou pelo processo de decantação. Nessa mistura de água e solo foram enraizadas as cebolas. As raízes das cebolas foram coletadas e a partir destas foram elaboradas e analisadas no microscópio 400 lâminas, com mais de 200.000 células das raízes das cebolas, para identificar se essas células estavam se dividindo normalmente ou estava ocorrendo alguma anomalia genética.
De acordo com o método utilizado e resultados obtidos, as anomalias genéticas nas células de cebola indicam que existe sim contaminações nas amostras de solo que podem afetar a saúde dos seres humanos. Para as educadoras, “os dados nos remetem a pensar sobre a situação da região noroeste que infelizmente é uma das regiões do estado com maior índice de uso de agrotóxicos e consequentemente maiores índices de câncer, depressão, entre outras doenças”.

 

 

Não é de hoje que a situação do solo e da água de Nova Candelária preocupa os munícipes. No ano de 2013, grande parte dos moradores foi acometida por uma virose que tinha sua origem na água fornecida aos habitantes. Após o episódio a Administração Municipal tomou medidas que mudaram a realidade da água apresentada até então: foram cercados e instalados cloradores nos 24 poços existentes; uma área ao redor dos mesmos foi concretada para melhor conservação do local, e foi capacitado um profissional para realizar o monitoramento de cada poço. Essas análises são entregues mensalmente aos profissionais da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente que acompanham este trabalho de maneira rigorosa, verificando os resultados e tomando as medidas necessárias. Desde o ano de 2013, após a instalação dos cloradores, não foi apresentado nenhum tipo de anormalidade (coliformes e outros contaminantes) na água fornecida aos moradores de Nova Candelária. Para o Prefeito da cidade, Carlos Alberto Dick, “logo que houve mais de um episódio de virose, a Administração teve a preocupação de verificar as condições dos poços, tanto do meio rural quanto da área urbana. De imediato foi feito o acompanhamento das análises e viu-se que as mesmas não se encontravam nas condições ideais para o abastecimento da população. A partir disso tomamos decisões imediatas e urgentes, trabalhando com medidas permanentes e preventivas. Foi a partir destas ações adotadas que solucionamos o problema e iniciamos um trabalho de prevenção.”

 

 

A pesquisa do solo realizada pela SETREM teve seu relatório apresentado e entregue à Administração Municipal, atendendo à solicitação dos gestores que se preocupam com a qualidade dos recursos naturais.

 

 

Sabe-se que é notável a presença de dejetos suínos no solo novacandelariense, contudo a Professora Dra. Cléia Moraes conclui que “os resultados foram muito empolgantes, mas nos remetem a uma triste realidade da nossa região que é o uso indiscriminado de agrotóxicos. As nossas análises mostraram que as maiores contaminações ocorreram em solos onde havia o uso de agrotóxicos. A maior contaminação foi em um solo onde não era aplicado dejeto suíno há mais de cinco anos, mas o uso de agrotóxico era regular. Os solos de Nova Candelária, assim como os demais da Região Noroeste do RS, precisam de cuidados quanto ao uso de agrotóxicos, pois estamos contaminando o solo que é a base de produção de nosso alimento”. Para ela, o uso indiscriminado de agrotóxicos precisa ser discutido: “esperamos que esses dados sejam amplamente divulgados e discutidos não só no município, mas na região como um todo”.
Constatado o uso elevado de agrotóxico e a interferência do mesmo na qualidade do solo, o Prefeito Carlos sugere que seja feita imediatamente uma análise equivalente para averiguar a condição real da água e a possível ação dos agrotóxicos na mesma.

 

 

Fotos: Assessoria de Imprensa.