VAMOS FALAR SOBRE ADAPTAÇÃO ESCOLAR?

  • Se o novo gera insegurança e ansiedade em qualquer idade, na Educação Infantil, esse processo é ainda mais intenso

    Assunto: Educação  |   Publicado em: 06/02/2018 às 16:14   |   Imprimir

Mais importante que falar sobre o retorno das aulas, é tocar no assunto “adaptação”. A adaptação escolar não acontece somente quando uma criança vai à creche ou à pré-escola pela primeira vez, mas sim, sempre que ela se depara com uma nova etapa de ensino, novos ambientes, colegas, professores, dinâmica de trabalho, etc.

Saindo de suas zonas de conforto, os pequenos se veem em um ambiente coletivo distinto do que viviam em casa, são estimulados a participar de atividades incomuns ao seu dia a dia e passam a conviver com adultos e crianças inicialmente estranhos.

A EMEI Mundo Encantado de Nova Candelária voltou a atender normalmente no dia 06 de fevereiro, recebendo alunos já adaptados e como de costume, crianças novas que necessitam passar por este período. Desta forma, a Psicóloga da Secretaria Municipal de Educação e Cultura Andressa Wille, destacou pontos importantes sobre este processo, afirmando que este período é mais que uma adaptação à criança, e sim, também para pais e professores. “Este momento exige adaptação de ambas as partes, mas cada faixa etária manifesta-se de diferentes formas, seja com curiosidade ou com protestos diante da separação da criança e dos pais, durante o determinado tempo”, destacou Andressa.

            É importante que os pais tenham consciência que a creche é um local onde as crianças desenvolvem a sociabilidade, são estimuladas para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais, e ainda criam autonomia em relação a muitas de suas necessidades. Portando, de acordo com a Psicóloga, a adaptação é um processo duplo, onde pais e filhos precisam passar. “Para os pais, a adaptação inicia já na matrícula da criança na creche, onde os mesmos começam a planejar como será o tempo que o filho passará e como se organizarão em relação aos cuidados dele que agora ocorrerão de forma diferente, sendo então mediada pelas educadoras”, enfatiza.

 

PARA AS CRIANÇAS...

Já para a criança as mudanças ocorrem de outra forma. “No mundo da criança, os pais são as pessoas com as quais elas desejam ficar, seu conhecimento de mundo é mediado pela presença e afeto destes. Assim, no momento em que são separadas dos mesmos, mesmo que temporariamente, há muitas chances de elas protestarem. Cada faixa etária irá se manifestar conforme as capacidades que possui, algumas choram, outras somatizam (sintomas corporais), enfim, cada uma, de acordo com sua singularidade irá manifestar-se sobre como está se sentindo”, ressalta Andressa. Sendo assim, é de extrema importância que os pais ajudem seus pequenos a entender e adaptar-se a nova situação, adotando algumas medidas, tais como:

  • Conversar com a criança explicando que ficará temporariamente longe dos pais. Isto deve ser feito de maneira lúdica e de fácil compreensão;
     
  • Ao despedir-se do seu filho, converse com ele sobre o momento em que virá lhe buscar. Esta conversa servirá para a criança e os pais sentirem-se mais seguros quanto a forma como as coisas irão acontecer.

 

EXISTE UM TEMPO DETERMINADO PARA A ADAPTAÇÃO? QUEM AVALIA SE A CRIANÇA ESTÁ ADAPTADA, OU NÃO?

Todas as pessoas passam por situações diferentes em suas trajetórias de vida, desta forma, se diferem também a maneira com que elas lidam com as situações. A Psicóloga Andressa afirma que cada criança possui seu tempo de adaptação que vai ser determinado segundo sua singularidade, o laço com os pais e professores, e sua maturidade. “Sua adaptação será observada atentamente por todos os profissionais que trabalham na creche e que ao constatarem alguma dificuldade, irão tomar providências para auxiliar os pais e a criança. Neste sentido, a equipe multidisciplinar composta por diretora, coordenação pedagógica, professora, atendentes, psicóloga, nutricionista e fonoaudióloga ficarão à disposição para acolher e orientar a família”, disse.

 

ESTE AFASTAMENTO PODE GERAR IMPLICAÇÕES À CRIANÇA?

 

Acreditando que esta é uma pergunta frequente para pais que irão adaptar seus filhos a rotina escolar, a Psicóloga Andressa afirma: “O distanciamento pais-criança naturalmente irá provocar dor, pois separar-se dos pais não é uma opção feita pela criança, é uma necessidade que se coloca culturalmente. Assim, a criança irá manifestar sua insatisfação”.

A Psicóloga ainda destaca que esse distanciamento permite o desenvolvimento de novas habilidades às crianças, sem o auxílio parental. Como exemplo básico, ela cita o caminhar, que para acontecer, é preciso que se afaste do colo. “Vale ressaltar que a creche ou escola é um dos primeiros ambientes em que a criança socializa para além de seu ambiente familiar, tendo a chance de aumentar seu conhecimento de mundo e se tornando uma experiência positiva para sua vida e desenvolvimento”, encerra.

 

 Por: Dalvane Rafael - Jornalista e Assessor de Comunicação da Pref. de Nova Candelária. MTB 19061/RS.